Como o uso de dados pode ajudar os beneficiários das Operadoras

Um estudo realizado pela consultoria Prospera, indicou que, por meio da análise de dados dos planos de saúde, é possível promover melhoria no atendimento a beneficiários com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que é uma condição que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social.

O principal serviço oferecido pelas operadoras para atender a esses beneficiários e suas famílias são as terapias, de modo que reduzir o tempo de espera e oferecer o tratamento adequado torna-se o principal objetivo.

Entre o início de 2022 até o fim do primeiro semestre de 2024, a quantidade de pacientes TEA atendidos pelas operadoras de planos de saúde aumentou quase 7 vezes. Se considerarmos que a cobertura mais ampla de terapias foi liberada pela ANS em meados de 2022, pode-se inferir que esses pacientes ou estavam sem tratamento, ou estavam sendo tratados em serviços particulares. Quando comparamos esse crescimento a partir de 2023, observamos que a quantidade de pacientes dobrou no mesmo período de 2024.

Diante desse aumento na quantidade de pacientes, as famílias de pessoas com TEA frequentemente enfrentam dificuldades para acessar tratamentos adequados, como terapias ocupacionais, fonoaudiologia e consultas com especialistas. Há uma alta variabilidade no modelo de atendimento, no que se refere a quantidade de sessões, métodos aplicados, custos significativos com coparticipação, gerando insatisfação entre os beneficiários.

Apesar se identificarmos o aumento do volume de prestadores de serviços que atenderam pacientes TEA desde meados de 2022, 63% não atenderam pelo menos 1 paciente de forma recorrente nos últimos 12 meses. Esse comportamento pode significar que os atendimentos não foram satisfatórios, levando a família a testar outros profissionais ou clínicas.

Foi possível identificar, também, que menos de 5% dos prestadores atenderam no mínimo 30 pacientes por mês, e os demais atenderam de forma muito pontual. Essa conclusão pode indicar uma oportunidade de encerrar parcerias com as clínicas e terapeutas com avaliação negativa, se for o caso, ou redirecionar pacientes para prestadores sub demandados e reduzir o tempo de espera para iniciação das terapias de novos beneficiários com diagnóstico de TEA.

Quando analisamos a quantidade de sessões de terapia realizadas por cada paciente, apesar da mediana ser de 9 sessões mensais, identificamos uma alta variabilidade por prestador, sendo que alguns realizam o mínimo de uma sessão por semana, por paciente, e outros realizam mais de 2 sessões por dia. Essa diferença poderia estar associada ao tipo de terapia realizada, mas o comportamento se repete mesmo quando comparamos em um único método, como por exemplo o método aba que é indicado para o início das intervenções e está associado ao tratamento de 57% dos pacientes identificados em nosso estudo.

Isso nos permite inferir que a quantidade de sessões está mais associada ao profissional e à clínica onde atua, que em relação ao perfil de necessidade de tratamento de cada paciente. A partir desses resultados, a operadora pode criar um programa de monitoramento do progresso dos pacientes, permitindo ajustes mais rápidos nos tratamentos, e recomendações para que as famílias solicitem um plano de tratamento com métricas de evolução a serem observadas.

Este estudo ilustra como a análise de dados de uso de planos de saúde gera oportunidade para transformar o atendimento aos beneficiários ao focar na personalização dos cuidados, e melhorar não somente a qualidade de vida dos pacientes com TEA, mas também criar um modelo de cuidado mais eficiente e sustentável.


Data da notícia: 06/12/2024

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