Transtornos Globais do Desenvolvimento - impacto nos custos de Planos de Saúde

Desde o último ano, os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são frequentemente discutidos entre o mercado de saúde suplementar, principalmente devido às mudanças relacionadas a esse tema nas regras de cobertura dos planos de saúde.

 

Em julho/2022, a ANS tornou obrigatória a cobertura de qualquer método ou técnica  de tratamento prescrito para pacientes com transtornos globais do desenvolvimento.

 

No mês seguinte, a Agência decretou o fim da limitação de consultas e sessões em psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia, o que inclui os procedimentos para pacientes com TGD.

 

Diante das novas regras de cobertura, observamos que o custo médio desses procedimentos mencionados aumentou expressivamente em 2022, quando comparado ao custo medido nos anos anteriores.
 


Base de dados de operadoras da Funcional (informações de mais de 1 milhão de beneficiários).

 

A demanda por essas especialidades também aumentou expressivamente tendo em vista o cenário dos últimos 5 anos. Essa utilização está concentrada nos beneficiários que ocupam a primeira faixa etária dos planos, de até 18 anos.
 

Base de dados de operadoras da Funcional (informações de mais de 1 milhão de beneficiários).

 

Em 2022, cada beneficiário da primeira faixa etária realizou mais de 4 consultas/sessões nas especialidades avaliadas, e cerca de 80% desses atendimentos se concentram em apenas 5 procedimentos.
 

Base de dados de operadoras da Funcional (informações de mais de 1 milhão de beneficiários).

 

Os dados mostram que as operadoras estão atuando de forma a disponibilizar os tratamentos adequados e especializados para os pacientes com Transtornos Globais do Desenvolvimento, o que traz consigo um aumento nos custos assistenciais.

 

Com a ampliação da cobertura de consultas e sessões em psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia nos planos de saúde, o gasto com esses procedimentos por beneficiário aumentou em 71% entre 2021 e 2022. O impacto foi ainda maior na primeira faixa etária, atingindo o percentual de 87%, devido ao maior aumento de demanda observado.

 

A despesa total por beneficiário aumentou em 10% de 2021 para 2022 e os procedimentos das especialidades avaliadas compõem 1% desse aumento. Como o impacto reflete apenas 6 meses desde as novas regras de cobertura, é possível que sua influência seja ainda maior.

 

O direcionamento dos atendimentos em psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia para a rede própria pode ser uma boa estratégia para reduzir e controlar o valor pago por procedimento ao prestador. Além disso, a inclusão de coparticipação sobre esses procedimentos pode ser uma alternativa para moderar o aumento de demanda observado.

 

Para as novas vendas de planos de saúde, é imprescindível que as mensalidades reflitam esse novo perfil de utilização através da atualização dos preços na nota técnica.

 

Nesse momento, é importante que o setor de saúde suplementar atue a fim de minimizar o impacto do aumento das despesas assistenciais, visando manter sua sustentabilidade e, ao mesmo tempo, garantir o atendimento adequado a todos os beneficiários de planos de saúde.

 

Taís Melo Torres | Atuária MIBA nº 3.508
Gestão Atuarial
Funcional Health Tech


Data da notícia: 17/08/2023

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